Foi designada pela 1ª Vara Criminal de Sinop a primeira audiência para inquirir Edgar Ricardo de Oliveira, acusado pelo Ministério Público do Estado (MPE) de homicídio qualificado contra sete pessoas, sendo uma delas uma adolescente, em chacina em Sinop. A instrução ocorrerá no dia 28 de abril, às 13h30.
A designação partiu da juíza Rosangela Zacarkim dos Santos, que intimou dois policiais da divisão de homicídios de Sinop, bem como Edgar , para participarem de audiência de instrução e julgamento com objetivo de serem inquiridos sobre os fatos constantes na denúncia movida pelo MPE.
No dia 23 de março, a promotora Carina Dalmolin, do MPE, ofereceu denúncia contra Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, pelo homicídio qualificado de sete pessoas na chacina em um bar em Sinop (478 km de Cuiabá), no mês de fevereiro. O comparsa Ezequias Ribeiro morreu em um confronto com policiais militares. Acusação foi recebida pela justiça no mesmo dia.
Antes disso, a Polícia Civil havia indiciado Edgar por sete homicídios qualificados e um na modalidade tentada. Além dos qualificados por motivo torpe e meio que resultou em perigo comum e recurso que dificultou a defesa do ofendido, ele foi indiciado por furto qualificado, roubo circunstanciado, posse irregular de arma de fogo de uso restrito e crime ambiental.
As vítimas da chacina foram Maciel Bruno de Andrade Costa, Orisberto Pereira Sousa, Elizeu Santos da Silva, Getúlio Rodrigues Frazão Júnior, Josue Ramos Tenorio, Adriano Balbinote e Larissa de Almeida Frazão (12 anos).
De acordo com a denúncia, na manhã de 21 de fevereiro, Edgar Oliveira, acompanhado de Ezequias Ribeiro, apostou dinheiro em jogos de sinuca em um bar da cidade, perdendo cerca de R$ 4 mil para Getúlio Rodrigues Frazão Júnior.
No período da tarde, Edgar retornou ao estabelecimento acompanhado de Ezequias e “chamou a vítima Getúlio para novas partidas de sinuca, também com aposta em dinheiro, ocasião em que perdeu novamente e, de inopino, jogou o taco sobre a mesa, verbalizou com seu comparsa Ezequias que, de imediato, sacou uma arma de fogo e rendeu as vítimas, encurralando-as na parede do bar, enquanto Edgar se dirigiu à camionete e se apossou de uma espingarda”.
Em seguida, Edgar seguiu em direção às vítimas e efetuou o primeiro disparo contra Maciel Bruno, tendo, na sequência, realizado o segundo tiro em desfavor de Orisberto, enquanto o comparsa Ezequias disparou contra Elizeu.
Ele ainda efetuou mais dois disparos, acertando Getúlio e Josue. Adriano e a adolescente Larissa tentaram correr e também foram atingidos por ele. As vítimas Maciel Bruno e Getúlio também foram alvejadas por Ezequias quando já estavam caídas no chão.
Para a promotora de Justiça Carina Sfredo Dalmolin, os crimes foram cometidos por motivo torpe, “impulsionado pelo sentimento de vingança em razão de perder aposta em jogo de bilhar”, e praticados por meio cruel, “tendo em vista que foram efetuados disparos de espingarda calibre 12, arma de elevado potencial lesivo e causadora de múltiplas lesões simultâneas, e também pistola calibre .380, sendo as vítimas atingidas uma a uma, a maioria a curta distância, o que revela uma brutalidade fora do comum e a ausência de elementar sentimento de piedade”.
Ao receber a denúncia, a juíza entendeu como certo o perigo gerado pelo estado de liberdade do denunciado, posto que os dados fáticos são suficientes para demonstrar que o caso vai além da normalidade do tipo penal, constituindo fundamentação idônea para a decretação do custodiado preventivamente.
Pedro Coutinho
Olhar Direto