Edgar Ricardo de Oliveira, suspeito de tirar a vida de sete pessoas na chacina de Sinop, respondeu o Ministério Público do Estado (MPE), nesta segunda-feira (10), e afirmou que contesta todos os termos da acusação, que foi aceita pela justiça no dia 23 de março. O MPE o denunciou por homicídio qualificado com emprego de meio cruel que dificultou a defesa das vítimas.
O advogado de Edgar, Marcos Vinicius Borges, apresentou nos autos do processo que está sob julgamento do juízo da 1ª Vara Criminal de Sinop, respostas às acusações do MPE e aduziu, inicialmente, que contesta a denúncia em todos os seus termos.
Além disso, citou o princípio constitucional da presunção de inocência para assegurar ao seu cliente o direito de apresentar suas razões de defesa, bem como juntar as provas necessárias que, conforme apontou, “confirmarão sua inocência”.
“O acusado, ante ao princípio da ampla defesa e do contraditório, bem como pelo princípio do devido processo legal, se reserva no direito de produzir as provas necessárias para a sua defesa, bem como eventuais contraprovas durante toda a fase de instrução criminal, por todos os meios probatórios permitidos em Lei”, arguiu o advogado Marcos Vinicius em requerimento enviado à 1ª Vara.
Por fim, defesa de Edgar requereu, em caráter de imprescindibilidade, que sejam inquiridas três testemunhas que foram arroladas com intuito de que sejam intimadas afim de prestarem os respectivos depoimentos sobre a chacina.
“Em questão à defesa, não existe nessa fase qualquer chance de soltura, ou então de absolvição, nós sabemos disso. Porém, por hora, essa é uma fase de juntar testemunhas. e esse acaba sendo um modelo porque não adiantaria colocar outras argumentações visto que não é o momento pertinente para debate”, disse o advogado.
No dia 23 de março a justiça recebeu a denúncia movida pelo MPE em face de Edgar. As vítimas da chacina foram Maciel Bruno de Andrade Costa, Orisberto Pereira Sousa, Elizeu Santos da Silva, Getúlio Rodrigues Frazão Júnior, Josue Ramos Tenorio, Adriano Balbinote e Larissa de Almeida Frazão (12 anos).
De acordo com a denúncia, na manhã de 21 de fevereiro, Edgar Oliveira, acompanhado de Ezequias Ribeiro, apostou dinheiro em jogos de sinuca em um bar da cidade, perdendo cerca de R$ 4 mil para Getúlio Rodrigues Frazão Júnior.
No período da tarde, Edgar retornou ao estabelecimento acompanhado de Ezequias e “chamou a vítima Getúlio para novas partidas de sinuca, também com aposta em dinheiro, ocasião em que perdeu novamente e, de inopino, jogou o taco sobre a mesa, verbalizou com seu comparsa Ezequias que, de imediato, sacou uma arma de fogo e rendeu as vítimas, encurralando-as na parede do bar, enquanto Edgar se dirigiu à camionete e se apossou de uma espingarda”.
Em seguida, Edgar seguiu em direção às vítimas e efetuou o primeiro disparo contra Maciel Bruno, tendo, na sequência, realizado o segundo tiro em desfavor de Orisberto, enquanto o comparsa Ezequias disparou contra Elizeu.
Ele ainda efetuou mais dois disparos, acertando Getúlio e Josue. Adriano e a adolescente Larissa tentaram correr e também foram atingidos por ele. As vítimas Maciel Bruno e Getúlio também foram alvejadas por Ezequias quando já estavam caídas no chão.
Para a promotora de Justiça Carina Sfredo Dalmolin, os crimes foram cometidos por motivo torpe, “impulsionado pelo sentimento de vingança em razão de perder aposta em jogo de bilhar”, e praticados por meio cruel, “tendo em vista que foram efetuados disparos de espingarda calibre 12, arma de elevado potencial lesivo e causadora de múltiplas lesões simultâneas, e também pistola calibre .380, sendo as vítimas atingidas uma a uma, a maioria a curta distância, o que revela uma brutalidade fora do comum e a ausência de elementar sentimento de piedade”.