Um criminoso procurado pela Polícia Civil de Mato Grosso por autoria em homicídios qualificados e ocultação de cadáveres de quatro vítimas desaparecidas há dois anos, em Cuiabá, foi preso nesta quarta-feira (05.04), na cidade do Rio de Janeiro.
Gabriel Ítalo da Silva Costa, de 29 anos (Torto), foi preso no Complexo da Maré, em uma operação conjunta da Polícia Civil e Batalhão de Operações Especiais do Rio de Janeiro. Ele é investigado por tráfico de entorpecentes no estado fluminense e também em Mato Grosso e apontado como responsável por fornecer drogas e armas a uma facção que controla o tráfico em comunidades cariocas.
De acordo com a Polícia Civil fluminense, o criminoso tentou se passar por outra pessoa no momento da prisão usando um nome falso.
Crimes em Cuiabá
Gabriel Ítalo foi indiciado na Operação Kalypto, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Cuiabá, que investigou os assassinatos de quatro rapazes do Maranhão, que desapareceram em Cuiabá em maio de 2021. As vítimas foram sequestradas de suas residências, no Jardim Renascer, foram torturadas e depois mortas. Os corpos não foram encontrados até hoje.
Oito investigados foram indiciados pelo delegado Caio Fernando Albuquerque pelos crimes de sequestro e homicídio qualificado, ocultação de cadáver e integração de organização criminosa. Uma pessoa foi indiciada por falso testemunho e responde em liberdade.
Dos nove mandados de prisão temporária, decretados na deflagração da Operação Kalypto, oito deles foram cumpridos em fevereiro deste ano. Todos tiveram as prisões temporárias convertidas em preventivas.
As mortes de Tiago Araújo, 32 anos, Paulo Weverton Abreu da Costa, 23 anos, Geraldo Rodrigues da Silva, 20 anos e Clemilton Barros Paixão, 20 anos, foram ordenadas por uma facção, que determinou um ‘tribunal do crime’ porque julgou que as vítimas pertenciam a um grupo rival e, desta forma, resolveu assassinar os rapazes – dois irmãos, um cunhado e um amigo.
Os quatro maranhenses residiam em um conjunto de quitinetes no Jardim Renascer, em Cuiabá, de onde foram retirados à força no dia 02 de maio de 2021, por um grupo armado, todos integrantes de uma organização criminosa.
“Foi um caso complexo, inicialmente porque não havia (e ainda não há) os corpos, necessário à materialidade direta. Além disso, como ocorre nesse tipo de crime, muitas pessoas não quiseram dar informações. Contudo, conseguimos trazer para o inquérito corajosos depoimentos de familiares, ouvidos no Maranhão, para onde foram ‘tocados’ pelos criminosos, logo após os homicídios. Desta família, em Cuiabá, só ficaram os restos mortais. Outros ricos depoimentos foram coletados e subsidiaram o desfecho alcançado na investigação”, apontou o delegado Caio Fernando.
Investigações
Vários depoimentos, diligências, perícias, detalhados relatórios policiais em campo e análises de inteligência compuseram o acervo de 1.500 páginas reunidas o inquérito que apurou as mortes das vítimas.
A Operação Kalypto, que em grego significa esconder ou velar, cumpriu, em janeiro deste ano, 18 ordens judiciais de prisão e de buscas contra o grupo envolvido nas execuções das vítimas. As diligências também buscaram informações que levassem à localização dos corpos dos quatro rapazes.
A investigação da DHPP apurou que as vítimas foram cruelmente mortas – sofreram decapitação, amputação dos dedos e uma delas foi atingida por um disparo no peito. Outras duas foram mortas com disparos na nuca.
“Toda a investigação só teve o êxito alcançado pelas equipes engajadas que, embora a dificuldade do caso e mesmo sem os corpos, conseguiram demonstrar que houve a sequência criminosa. Foram diversos policiais empenhados nas mais diversas tarefas investigativas de apurar informações que possibilitassem chegar à responsabilização criminal dos envolvidos e dar, ao menor, uma resposta às famílias. Foi mais um caso solucionado pela DHPP, que demonstrou que é um engano a história de que ‘sem corpo não há crime’”, finalizou o delegado.