Cigarros eletrônicos, vaper, pod, vaporizadores de ervas secas e cigarros aquecidos, são os nomes de alguns produtos, considerados dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), populares entre adolescentes de 13 a 17 anos. Esses aparelhos com saborizantes e cheiro agradável, contêm substâncias tóxicas que causam câncer, doenças respiratórias e cardiovasculares.
Um estudo realizado pela Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE), em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Ministério da Saúde, apontou que 16,8% dos adolescentes do Brasil já utilizaram, pelo menos uma vez, cigarros eletrônicos. Quando falamos de cigarros convencionais, a proporção é ainda maior, entre jovens de 16 a 17 anos, cerca de 60% já experimentaram.
Preocupado com o uso crescente desses dispositivos entre os adolescentes, o Hospital e Maternidade Dois Pinheiros, criou a campanha Só Acredito Vendo, a ideia do projeto é desenvolver palestras interativa com informações e dinâmicas para que os jovens e adolescentes se conscientizem sobre os reais malefícios provocados pelo uso do cigarro eletrônico.
“Nós percebemos que os jovens acabam se influenciando pela falta de informação, principalmente pela afirmação de que esses produtos não são maléficos, ou são apenas saborizados. Essa desinformação coloca a vida deles em perigo. Nós presenciamos crianças e adolescentes utilizando essas substâncias, sem entender a real problemática para eles e para quem está a sua volta”, explicou a médica e diretora administrativa do Hospital e Maternidade Dois Pinheiros, Dra. Anna Letícia Yanai.
O pneumologista e um dos idealizadores do projeto, Dr. Paulo Henrique Quintanilha ressalta que a nicotina aumenta o risco de infarto agudo do miocárdio e crises de doenças respiratórias como asma.
“Diferente da propaganda que muitas vezes é feita para os adolescentes, esses eletrônicos, causam malefícios para a saúde, até mais do que os cigarros convencionais. Várias substâncias presentes nos cigarros eletrônicos são comprovadamente cancerígenas para pulmão, bexiga, esôfago e estômago. Os DEF’s matam e não só devagar como outras substâncias. Já é conhecida sua capacidade de matar com pouco uso, por doença aguda que leva a insuficiência respiratória”, afirmou.
Além do vício provocado pelo consumo desses produtos, o especialista alerta, sobre a Evali, sigla em inglês para doença pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping (E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury).
“Evali é uma lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico, sendo descrita pela primeira vez em 2019, nos Estados Unidos, em usuários de vaping. Acredita-se que tenha relação com um diluente utilizado nesses dispositivos que afetam o pulmão, causando um tipo de reação inflamatória no órgão. Além de explicar como funciona essa substância no corpo, nós alertamos sobre os sintomas dessa doença, para que o adolescente possa estar salvando a vida de um colega, porventura ele decida continuar com o uso desse produto”, alerta.
A primeira palestra foi realizada nesta quinta, com 210 alunos do 8º e 9º anos do Colégio Regina Pacis. A ideia dos idealizadores do projeto é fazer parceria com escolas públicas e privadas, para levar informações gratuitas de forma dinâmica e conscientizar crianças, adolescentes e adultos sobre todos os malefícios provocados pelo cigarro.