O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada e Afins de Mato Grosso (Sintecomp) move ação coletiva contra a Construtora Triunfo e a Sinop Energia, responsável pela Usina Hidrelétrica de Sinop (UHS) pela falta de pagamento de direitos trabalhistas a 214 funcionários demitidos em maio. A ação foi proposta em junho e cobra os devidos repasses aos ex-servidores. A dívida chega a R$ 12 milhões.
Segundo o advogado do Sindicato, David da Silva Belido, os funcionários foram demitidos gradativamente no decorrer de maio. A maioria deles veio de outros estados para trabalhar na construção da Usina, que se arrasta há 5 anos. Sem dinheiro os desempregados permaneceram acampados no pátio da obra até meados de junho, quando uma liminar da Justiça de Sinop autorizou a liberação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e assim tiveram dinheiro para voltar para as respectivas casas.
“Alguns deles não voltaram porque trouxeram a família para a cidade, tem filhos na escola e permanecem no local”, informou o advogado ao GD.
A ação foi proposta depois que os mais de 200 trabalhadores realizaram diversas manifestações na frente da entrada da Usina, cobrando os salários e a rescisão. Sem resposta a Justiça foi acionada.
Um dos demitidos, Genoir Lima Gonçalves, conta que há 4 anos o FGTS não é depositado na conta dos trabalhadores. Alguns deles estão na construção há 5 anos e só foram depositados os valores referentes ao primeiro ano.
Após a demissão, houve um encontro entre os trabalhadores e os diretores da empresa, que tentaram “pressioná-los” a assinarem as rescisões, mas sem sucesso. Desde então tiveram mais resposta.
Com o saque do FGTS por meio da decisão judicial, os ex-funcionários puderam solicitar o seguro desemprego e voltar para as residências. Enquanto isso, esperam acordo em audiência de conciliação marcada para o dia 31 de julho.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) está acompanhando o caso.
No último fim de semana, 28 veículos da empresa Triunfo foram incendiados no pátio da Usina e logo os rumores sobre os culpados passaram a falar dos funcionários que estavam abrigados no local.
“Os funcionários passaram 40 dias fazendo manifestações. Não tinha vigia lá. A gente acordava e dormia ali. Nunca riscamos um fósforo perto dessas máquinas. Agora que tiraram elas de perto do alojamento e levaram para o canteiro, onde tem vigilância 24 horas, acontece isso. Está estranho isso aí (sic)”, declarou o ex-funcionário.
No dia 24 de junho, o grupo Triunfo pediu recuperação judicial à Justiça do Paraná, onde tem sede. No pedido estão listadas a construtoraTriunfo e outras duas companhias do conglomerado, a Inepar e a TIISA. Argumenta o alto endividamento e a crise econômicacomo fatores preponderantes para a decisão. As dívidas do grupo chegam a R$ 480 milhões, como divulgou o site Exame.
Criada em 2006, o Grupo Triunfo passou administrar a paranaense Triunfo, criada em 1978 e uma das maiores empreiteiras e concessionárias do país.
Outro
A empresa Triunfo foi procurada e disse que irá se manifestar somente em juízo.
Já a Sinop Energia informou que ainda não foi notificada sobre a ação.
