Mato Grosso, maior produtor de milho do país, seguirá também como maior produtor de etanol extraído do cereal na próxima safra. Dados divulgados ontem, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que considerando a oferta de anidro e hidratado, oriundos do milho, será mais de 1,05 bilhão de litros, volume recorde de produção no Estado.
Somente do hidratado, que é utilizado como combustível, que mais do que manter a posição de líder, o Estado vai dobrar a produção, ampliando a oferta em mais de 106%.
De acordo com o primeiro levantamento da Companhia para apurar a participação do milho na produção de etanol hidratado, Mato Grosso passará de 387,50 milhões de litros na atual safra (2018/19) para 800,75 milhões de litros no próximo ciclo. Se a projeção se confirmar, serão adicionados ao saldo mato-grossense, e consequentemente, ao mercado local, novos 413 milhões de litros, crescimento de 106,6%.
Para a produção de anidro – que é adicionado à gasolina – Mato Grosso deverá ofertar 245 milhões de litros, incremento anual de 50,60 milhões de litros, ou de 25% sobre a oferta anterior em 203,49 milhões de litros.
Mato Grosso conta com quatro usinas de etanol, três delas operam na modalidade “flex” – produzindo o biocombustível a partir da cana e do milho – e uma outra planta produz o etanol utilizando somente milho.
Segundo a União Nacional do Etanol de Milho (Unem), pelo menos sete usinas de etanol de milho deverão ser construídas ou ampliadas no Centro-Oeste este ano, movimentando R$ 3 bilhões em investimentos.
BRASIL – Dos mais de 1,10 bilhão de litros que o país deverá ofertar – alta anual de 97,5% – 800 milhões virão de Mato Grosso e o restante de Goiás, 245 milhões de litros e do Paraná, com outros 45,57 milhões litros. Os dois estados registrarão, assim, crescimentos de 57% e 467%, respectivamente, em relação à safra anterior. Considerando a produção de anidro e hidratado, a partir do milho, a oferta nacional será de 1,4 bilhão, volume também histórico.
Segundo o estudo, existe a perspectiva de surgirem novas unidades de produção, porque outros estados já estão investindo para iniciar sua produção nos próximos anos, como explica o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Guilherme Bastos. “Entre as vantagens do milho em relação à cana, está o fato de o Brasil ser um dos maiores produtores globais do cereal. E vale lembrar que o produto final é o mesmo”, frisa.
CANA MT – Esse início de safra tem registrado excesso de precipitações nas principais regiões produtoras do Estado, algo que pode postergar as primeiras operações de colheita.
Há perspectiva de maiores investimentos no setor sucroenergético nesta temporada, tanto em estrutura física das unidades de produção, ampliando suas capacidades de tancagem (visando também a produção de etanol proveniente do milho), bem como no âmbito agrícola, com fomento na implantação de novas variedades mais produtivas, além de melhorias no manejo da cultura.
A expectativa nesta safra é de produção de cana-de-açúcar em 232,8 mil hectares, sendo parte dessas áreas pertencentes às próprias unidades de produção e outras atreladas aos fornecedores. O rendimento médio está inicialmente estimado em 72,15 kg/ha, gerando assim uma projeção para a produção final de 16,79 milhões de toneladas. Se confirmados os dados apresentados ontem, a produção de cana recuará 3,2%, mesmo com a área 1,7% maior. O peso negativo vem da projeção de produtividade que deve diminuir em quase 5%, saindo de 75,78 mil quilos por hectare para a atual projeção de 72,15 mil quilos.
Centro-Oeste: crescimento de 2,3% na área a ser colhida, leve redução de 0,7% na produtividade e incremento de 1,6% na produção.
CANA BRASIL – Quanto aos números da cana-de-açúcar, o primeiro ciclo da safra 2019/20 indica que o Brasil deverá produzir cerca de 616 milhões de toneladas, o que representa uma redução de 0,7% em relação à safra anterior, que foi de 620,4 milhões de t. A explicação seria a retração da área colhida, estimada em 8,38 milhões de hectares, uma queda de 2,4%, se comparada à safra 18/19. Embora tenha havido um aumento da produtividade média, não foi suficiente para influenciar positivamente na produção.
A novidade neste levantamento é que a produção de açúcar voltou a aumentar e deverá atingir cerca de 31,8 milhões de toneladas, ou seja, um crescimento de 9,5%. Isso demonstra uma tendência de reequilíbrio entre a destinação de cana-de-açúcar para a fabricação de açúcar e etanol”, garante Bastos. “Mas, embora o açúcar esteja se recuperando, a tendência é que o mercado ainda se mantenha mais atrativo para o etanol, em razão principalmente da grande quantidade que existe de açúcar no mercado. A Índia, por exemplo, mantém a sua produção elevada e isso diminui nossa exportação e puxa o preço no mercado interno para baixo. Com isso, o produtor opta por investir no combustível”, conclui.
O 1º Levantamento da Cana mostra que a produção total de etanol está prevista para 30,3 bilhões de litros. Isso representa uma diminuição de 4,2% em relação à safra passada, que foi de 33,1 bilhões. O anidro, utilizado na mistura com a gasolina, deverá ter aumento de 11%, alcançando 10,6 bilhões de litros. Já no caso do hidratado, o total produzido deverá ser de 19,7 bilhões de litros, com redução de 16,5% ou 3,88 bilhões de l.
