Dentre várias ações já adotadas pelo governador Mauro Mendes (DEM) e sua equipe para tentar equilibrar as contas do Governo e regularizar atrasos de pagamentos, estão medidas como a intervenção em Hospitais Regionais, renegociação com fornecedores de medicamentos e quitação de salários dos servidores em atraso. Ainda assim, o democrata afirma que não há previsão de quando a pasta da Saúde vai funcionar de maneira satisfatória para atender os cidadãos que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS). "A saúde é hoje a área do governo mais bagunçada, mais desorganizada que nós temos disparado em todo o Governo de Mato Grosso", afirmou Mendes nesta terça-feira (16) durante entrevista à Rádio Capital FM.
Na tarde desta segunda-feira (15), ele havia dito, em entrevista à Band FM, que foram encontrados mais de 3 mil pagamentos feitos na gestão anterior sem contratos somente na pasta da Saúde. Conforme o chefe do Executivo Estadual, tinha caso de fornecedor sem receber desde junho de 2018 e parou de fornecer remédios e insumos, sendo preciso pagar os valores atrasados e negociar para voltar a entregar produtos. "Existe um caminho lamentavelmente longo para que a gente possa ir equalizando, resolvendo os problemas e fazer a saúde funcionar", disse o democrata ao explicar que está em curso um profundo diagnóstico.
O secretário da Pasta, Gilberto Figueiredo, já visitou todos os hospitais regionais para averiguar a real situação e adotar as medidas necessárias. "Para fazer a saúde funcionar vamos precisar de dinheiro e de tempo para que o trabalho de gestão que já começou tenha resultado. Não existe solução mágica. Não gosto de ficar fazendo papagaiada", enfatizou Mendes ao reforçar em vários momentos da entrevista que o Estado não tem dinheiro para fazer investimentos, pois 75% da arrecadação são utilizados no pagamento de folha salarial e dos Poderes.
INTERVENÇÃO
Ainda sobre o caos na saúde deixado por seu antecessor Pedro Taques (PSDB), Mendes afirma precisou tomar uma série de providências, mas em três meses é inviável organizar toda a Pasta. Dentre elas, destaca a intervenção no Hospital Regional de Rondonópolis que era administrado por uma Organização Social de Saúde (OSS). "Olha que absurdo, o Hospital de Rondonópolis custava quase a mesma coisa que custa o Pronto-Socorro de Cuiabá que é um hospital quatro vezes maior. Estava custando R$ 9 milhões o Hospital de Rondonópolis. Acho que era um dos mais caros do Brasil. Um absurdo o que custava aquele hospital na mão dessa OSS que foi trazida pelo governo anterior pra atuar aqui", criticou o gestor.
Para efeitos de comparação, Mendes disse que ao encerrer seu mandato como prefeito de Cuiabá em dezembro de 2016, o Pronto-Socorro da Capital custava cerca R$ 10 milhões por mês. "O Hospital de Rondonópolis que é muito menor, atende menos gente e tem menos especialidades médicas custando o mesmo. Fizemos a intervenção em Sinop tiramos essa mesma OSS, essa tal de Gerir que veio de Goiânia pra cá, cheia de rolo, de confusão, devendo para fornecedor. Tinham três meses de salários atrasados e já regularizamos os salários desses servidores. Fizemos a intervenção e no segundo mês, em fevereiro, o custo desses dois hospitais caiu R$ 2,5 milhões", observou Mendes.
Ao falar sobre das finanças do Estado, que Mauro Mendes afirmou ter assumido o Estado com um deficit de R$ 3,575 bilhões de restos a pagar, resultado de dívidas do Estado com empresas, prefeituras qe enão foram pagas nos exercícios anteriores. "Isso é tanto dinheiro que pra comparar é como se o Estado devesse 15 Mega-Senas da Virada de fim de ano. É muito dinheiro, precisaria ganhar na Mega-Sena todo final de ano para pagar essa dívida. É realmente uma situação muito difícil", lamentou ele ao pontuar que já foram adotadas medidas que ele chama de necessárias.
Por fim, o governador observou que depois de 11 anos no vermelho existe uma expectativa de conseguir equilibrar as contas do Estado em 2020. Por ora ele disse que sente vergonha diante do atual cenário onde serviços básicos não funcionam, servidores e fornecedores não recebem em dia e falta combustíveis para viaturas das Polícias Civil e Militar.
Mendes lamentou o fato de Mato Grosso ser um Estado tão rico onde o agronegócio é o mais pujante do Brasil, mas não conseguir honrar compromissos financeiros. "Sinto vergonha eu como governador ao ver as pessoas cobrando dizendo assim: olha tem 8 meses que não recebo, vendi há 2 anos e até hoje não recebi, minha empresa quebrou por causa do governo. É muito doído ouvir isso e saber que é verdade, que as pessoas têm razão. É um trabalho longo que estamos fazendo", ponderou.
