O ex-comandante geral da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa, solicitou ao juiz Murilo Mesquita Moura, da 11ª Vara Criminal de Cuiabá, que seja marcada uma nova data para ser ouvido na ação penal militar em que responde pelo caso dos grampos ilegais no Estado.
O militar alega sofrer de problemas de saúde, que o impedem de prestar depoimento de forma adequada.
A petição, obtida com exclusividade pelo FOLHAMAX, solicitando a dispensa do depoimento previsto para ocorrer na tarde desta sexta-feira (27) foi protocolada pela defesa do coronel, representada pelos advogados Francisco de Assis do Rêgo Monteiro Rocha Junior e João Rafael de Oliveira. Ainda não há uma decisão do magistrado.
No pedido, a defesa alega que o coronel foi intimado no último dia 23 de julho sobre a audiência que ocorrerá hoje, onde estão previstos os depoimentos dos réus. Porém, ele está acometido com uma hérnia inguinal e cisto de cordão espermático a direita, cujo tratamento é necessariamente cirúrgico.
A cirurgia havia sido agendada para a última quinta-feira feira, mas a pedido de Zaqueu não ocorreu. “Foi cancelada pelo requerente para que não impossibilitasse o seu comparecimento ao ato designado por este Douto Juízo”, diz a petição.
Os advogados asseguram que o ex-comandante geral da PM irá comparecer a sessão agendada para hoje. No entanto, não estaria em condições de depor. “O mesmo não está em adequadas condições de saúde para ser interrogado na data em questão, pois, em razão da enfermidade acima mencionada, sente dores intensas e está constantemente submetido aos efeitos de medicação”, alega a defesa.
A defesa solicita que o magistrado marque o depoimento de Zaqueu para após a cirurgia, que ainda será marcada.
O pedido deve ser analisado pelo juiz pouco antes da audiência de hoje. Além do depoimento de Zaqueu, estão previstos os depoimentos dos demais réus no processo. São eles: coronéis Evandro Lesco e Ronelson Barros; tenente-coronel Januário Batista e ainda o cabo Gerson Luiz Correa Junior.
SUPOSTA DELAÇÃO
Nos bastidores, o pedido de dispensa do depoimento de Zaqueu Barbosa é visto como “pano de fundo” para um suposto acordo de colaboração premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR). Um inquérito sobre o caso tramita sob análise do Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde um dos investigados é o governador Pedro Taques (PSDB).
O coronel prefere ficar em silêncio porque o acordo ainda não foi homologado pelo ministro Mauro Campbell e uma das condicionantes no acordo é o sigilo da colaboração. Ele teria prestado informações comprometedoras sobre o esquema, onde mais de 70 mil pessoas teria sido grampeadas em todo Estado.
No acordo, teria ficado estabelecido que o ex-comandante da PM manterá sua patente de coronel da reserva e o salário de mais de R$ 27 mil.
Na noite de 14 de maio de 2017, uma reportagem do programa “Fantástico” revelou que a Polícia Militar de Mato Grosso “grampeou” de maneira ilegal uma lista de pessoas que não eram investigadas por crime. Entre os grampeados, estão a deputada estadual Janaína Riva (MDB), o advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes, conhecido como Muvuca.
Os grampos foram conseguidos na modalidade “barriga de aluguel”, quando investigadores solicitam à Justiça acesso aos telefonemas de determinadas pessoas envolvidas em crimes e no meio dos nomes inserem contatos de não investigados. Um inquérito no Superior Tribunal de Justiça, comandado pelo ministro Mauro Campbell, está praticamente paralisado após o governador Pedro Taques (PSDB) pedir para ser investigado diante das suspeitas de sua participação.
Fonte Gilson Nasser/ Folhamax