Os dados fazem parte da publicação “População em áreas de risco no Brasil”, divulgada, ontem, pelo IBGE em cooperação com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
Os locais mapeados foram associados, de forma inédita, às informações do Censo 2010. A metodologia foi desenvolvida para ser replicada com os dados da pesquisa de 2020. No país, o levantamento abrangeu 872 municípios brasileiros, que contavam com 8,27 milhões de habitantes vivendo em 2,47 milhões de domicílios particulares permanentes.
Cerca de 17,8% dessas pessoas eram idosos ou crianças, os grupos etários mais vulneráveis e expostos a inundações, enxurradas e movimentos de massa. A população exposta a esses tipos de desastres naturais foi analisada segundo seu perfil sociodemográfico, distribuição etária e condições de acesso a serviços básicos, sendo, eles, abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo.
Em Mato Grosso, foram monitorados sete municípios, abrangendo um total de 658.322 mato-grossenses. Destes, 2.324 (28,32%) vivendo em locais considerados inapropriados ou com risco de desastres naturais. Os destaques ficaram por conta de Cuiabá, com 970 moradores (0,2% da população do total do município) e Paranatinga com 680 moradores (3,5%) em áreas de risco.
No centro-oeste, foram mapeadas áreas em 19 municípios e revelou a existência de uma população total de 7.626 nessas cidades. Do total, nenhum ultrapassou o total de 2.000 habitantes em áreas de risco, segundo o órgão federal. Quanto a idade, a população vivendo nessa região pesquisada era composta por 9,7% por crianças menores de 5 anos e 8,4% por idosos.
O vizinho Mato Grosso do Sul apresentou o maior número, com 4.431 moradores em locais de risco, o que representava 0,4% da população total dos municípios monitorados, enquanto Goiás se destacou com a menor população nessas áreas: 871 pessoas, que representava 0,1% dos habitantes das cidades goianas mapeadas.
Ainda no Estado, o levantamento mostra que o percentual de domicílios com rendimento médio domiciliar per capita acima de três salários mínimos era de 15,2% em áreas fora de risco. Em locais de risco, esse percentual era apenas de 4,4%. Já com ganho médio até meio salário mínimo, o índice era de 23,2% nos locais fora riscos, e de 32,1%, nos pontos críticos.
Outro item pesquisado foi sobre o fornecimento de água potável. No centro-oeste, o estudo mostrou que 3,9% da população exposta não possuía abastecimento de água por rede geral, sendo que Goiás foi o que apresentou o percentual mais elevado, de 8,5%, enquanto os demais estados, o que inclui Mato Grosso, apresentaram um percentual inferior a 4,0%.
Além disso, 52,5% das pessoas habitavam moradias com esgotamento sanitário inadequado. “Todos os estados dessa grande região apresentaram mais de 40% dos moradores em áreas de risco sem acesso à rede geral de esgotamento sanitário”, apontou a pesquisa.
Outro dado importante é que do total 872 municípios avaliados, 4,1% de moradores não possuíam destinação de lixo adequada. Este é o caso de Mato Grosso, que apresentou uma das maiores taxas (4,6%). Os demais foram o Pará (20,6%), Maranhão (26,1%), Piauí (15,6%) e o Amazonas (15,1%). No sudeste e no sul, todos os estados apresentaram taxas inferiores a 3,0%.
Conforme o IBGE, em situações específicas, onde não há coleta de lixo, o descarte inadequado aumenta o risco de deslizamentos, além de entupir os bueiros, o que impede o escoamento das águas, intensificando os processos de inundações e alagamentos.
Fonte Joanice de Deus. Diario de Cuiabá