O ex-presidente do Detran de Mato Grosso, Teodoro Moreira Lopes, o “Dóia”, confirmou ter sido o intermediador de doação de R$ 50 mil do ex-secretário-adjunto de Fazenda, Vivaldo Lopes, ao deputado estadual Mauro Savi (PSB).
A doação ocorreu a título de “caixa dois” na campanha de 2010. A informação foi divulgada no site Midianews.
“Dóia” revelou a doação em depoimento de delação premiada com o Ministério Público Estadual. O acordo de delação foi firmado em relação a “Operação Bereré”, que tem Mauro Savi como um dos investigados.
Dóia disse na delação que Mauro Savi era um dos maiores beneficiados no esquema de pagamento de propina. Ele informou que o pagamento dos R$ 50 mil que financiou parte da campanha de Savi em 2010 é oriundo do contrato com a empresa Elo Segurança, empresa que tinha contrato para fornecimento de lacres ao Detran.
“Eu fui o intermediário em pedir ajuda a Vivaldo Lopes para campanha do deputado estadual Mauro Savi no valor de R$ 50 mil”, confessou.
Segundo Doia, o contato com Vivaldo Lopes começou quando foi procurado pelo ex-adjunto para apresentar o Consórcio Elo, que posteriormente venceu a licitação para realizar os serviços. Dono da Brisa Consultoria, o ex-adjunto prestou serviços ao consórcio.
Até o momento, o contrato dos lacres que não está em investigação na “Operação Bereré”. O alvo é o firmado com a FDL (atual EIG Mercados), que teria provocado um rombo de R$ 27 milhões aos cofres públicos.
DELAÇÃO DOS BARBOSAS
O esquema envolvendo o contrato dos lacres foi confirmado pelo empresário Antonio Barbosa, irmão do ex-governador Silval Barbosa. Ele também citou eventual participação de Vivaldo Lopes nas fraudes.
Em delação premiada feita à Procuradoria Geral da República (PGR), “Toninho Barbosa” afirmou que Vivaldo Lopes o procurou em seu escritório para saber se Silval estava recebendo o dinheiro no esquema do lacre do Detran. “Essa captação era feita pelo deputado estadual Mauro Savi e este falava que dividia com Silval Barbosa, por isso Vivaldo Lopes queria certificar essa informação”, contou.
Segundo informações do irmão do ex-governador, a empresa repassava R$ 4,00 por lacre ao deputado Savi, o que gerava um total de R$ 65 mil a R$ 80 mil por mês.
Toninho conversou com Silval que negou que estava recebendo propina. Todavia, determinou ao irmão que recebesse, pois ainda existia dívidas de campanha para pagar, além de “acertos” com deputados estaduais.
Antônio Barbosa disse que foi procurado por Vivaldo e acertou com ele que repassasse metade do dinheiro a Mauro e a outra metade a Silval. “Eu acertei com Vivaldo Lopes que repassasse metade do dinheiro a Mauro Savi e a outra metade ao Silval Barbosa. Ele começou a repassar em espécie a cota de Silval Barbosa em meados do ano de 2011. Os pagamentos da cota variavam entre R$ 30 mil a R$ 40 mil. Entre 2011 a 2014 ocorreram aproximadamente de 10 a 12 pagamentos”, confessa.