Apesar do juiz Murilo Mesquita Moura, da 11ª Vara Criminal de Cuiabá, votar por manter as prisões preventivas do coronel Zaqueu Barbosa e do cabo Gerson Luiz Correa Junior, o conselho formado por coronéis da Polícia Militar votou de forma diferente. Com isso, ficou determinado a concessão de prisão domiciliar ao ex-comandante-geral da Polícia Militar e a manutenção da prisão do cabo da Polícia Militar.
Ambos estão detidos desde maio de 2017, acusados de serem, respectivamente, o líder e o principal operador do esquema de grampos ilegais no Estado. Nesta sexta-feira, foi realizada a audiência de instrução sobre o caso.
Testemunhas arroladas pelo Ministério Público Estadual prestaram depoimentos. Entre elas, estão o promotor Mauro Zaque, o servidor público Mário Edmundo, a sargento da Polícia Militar, Andrea Cardoso, o cabo Euclides Torezan e ainda o soldado Clayton Dorileo.
Os réus ainda não foram ouvidos. Ao final da audiência, as defesas de Zaqueu e Correa solicitaram as revogações das prisões preventivas.
Alegam que já duram muito tempo. O Ministério Público se manifestou contra as solturas.
O MPE descreveu que duas testemunhas relataram sentir medo dos acusados, uma vez que colaboraram com as investigações. Além disso, apontou que três testemunhas arroladas pela acusação ainda vão depor.
VOTO DO JUIZ
Na decisão, o magistrado lembrou que os inquéritos dos grampos já passaram por três instâncias – 11ª Vara Criminal, Tribunal de Justiça e Superior Tribunal de Justiça -. Em todas elas, as prisões de Zaqueu e Gerson foram mantidas.
Ao analisar os pedidos, o juiz afirmou que os requisitos necessários para as prisões ainda estão mantidos destacando principalmente a manutenção da ordem pública. “A prisão dos réus, coronel Zaqueu Barbosa e cabo PM Gerson Luiz Correa Junior, se mostram indispensáveis para garantia da ordem pública, diante da gravidade concreta das condutas supostamente perpetradas pelos acusados, a qual foi muito bem destacada em decisão que decretou a custódia ao elencar que houve a utilização da máquina estatal para fins de espionagem de jornalistas, juízes, desembargadores e etc”, explicou.
Murilo Mesquita pontuou, entre outras coisas, a ameaça ao promotor Mauro Zaque. Numa conversa de WhatsApp, Correa chegou a falar em “arregaçar” Mauro Zaque.
VOTO DO CONSELHO
Porém, em ações militares, o voto do conselho formado pelos coronéis Valdemir Benedito Barbosa, Luís Claudio Monteiro da Silva, Elielso Metelo de Siqueira e Renato Antunes da Silveira Júnior é que decide sobre a manutenção ou revogação da prisão preventiva. Três dos coronéis que formam o conselho votaram pela concessão da liberdade de Zaqueu Barbosa e manutenção da prisão de Gérson Correa.
Já o coronel Elielso Metelo de Siqueira votou pela concessão da liberdade com monitoramento eletrônico do ex-comandante da PM e manutenção da prisão de Gerson Correa no Centro de Custódia de Cuiabá. Em seus votos, os coronéis enfatizaram que o benefício maior a Zaqueu não se trata de “corporativismo”.
Para eles, ficou nítido que, apesar de patente muito inferior, é Gerson quem tomava as principais decisões sobre o esquema, superiores até de que Zaqueu Barbosa, suposto líder. “Acho que a participação dele é bem superior a do Zaqueu”, disse um dos membros do conselho.
