Sempre celebrado no último domingo de janeiro, o Janeiro Roxo reforça o compromisso de controlar a hanseníase, promover o diagnóstico e o tratamento corretos, além de difundir informações e desfazer preconceitos que tanto prejudicam o diagnóstico preventivo da doença.
O tema da campanha nacional de 2018, escolhido pela Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) é “Todos contra a Hanseníase”. A Secretaria de Estado de Saúde, por meio da equipe técnica da Superintendência de Atenção à Saúde e da Coordenadoria de Ações Programáticas Estratégicas (COAPRE), deverá criar uma agenda única com os municípios para divulgar as ações que ocorrerão em todo o Estado, para o enfrentamento da hanseníase.
Nas áreas técnicas que integram a Secretaria Adjunta de Políticas e Regionalização, serão intensificadas as discussões do tema nas ações programáticas e estratégicas da SES, em especial no Programa Saúde na Escola, Programa Bolsa Família, Programa Estadual Pró-Família, bem como no Telessaúde e a Escola de Saúde Pública.
Dados sobre a hanseníase em MT
O Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), do Ministério da Saúde, informa que Mato Grosso registrou as maiores taxas de detecção de hanseníase do país. No ano de 2015, a taxa de detecção de novos casos da doença foi de 93,00/100.000 habitantes, totalizando 3.037 casos novos.
No ano de 2016 foram detectados 2.658 casos novos, correspondendo a uma taxa de detecção de 80,4/100.000 habitantes. No período de 2009 a 2016, Mato Grosso registrou 1.334 casos em crianças menores de 15 anos, correspondendo a 6% do total de casos registrados.
Estes dados reforçam a presença de focos de infecção e transmissão recentes da doença. Devido ao longo período de incubação, a hanseníase é menos frequente em menores de 15 anos de idade. Contudo, em áreas de maior prevalência e no caso de detecção da doença em focos domiciliares, a incidência nesta faixa etária é esperada.
Quanto à distribuição da doença, existem regiões hiperendêmicas que apresentam elevadas taxas de detecção. No ano de 2016 observou-se que a maior taxa de detecção da hanseníase ocorreu na região Médio Araguaia, com taxa de detecção de 379,9/100.000 habitantes, seguida das regiões Vale do Peixoto, Alto Tapajós, Teles Pires, Norte, Vale do Arinos, Garças Araguaia e Baixo Araguaia.
“Se por um lado, os dados de elevada taxa de detecção indicam que ocorrem iniciativas importantes no campo da atenção à saúde para a elucidação diagnóstica, por outro lado, as regiões com menor detecção, considerando a alta endemicidade da hanseníase e fluxo migratório do Estado, sugerem a existência de fragilidades na APS quanto a estratégias ativas de detecção de novos casos”, informou Rejane de Fátima Conde Finotti, técnica do Programa Estadual de Controle da Hanseníase da SES/MT.
A equipe técnica da SES/MT alerta as secretarias municipais de Saúde quanto ao diagnóstico preventivo de pacientes com hanseníase. A porta de entrada para o SUS é a rede básica de saúde municipal, por isso a importância de as prefeituras redobrarem a atenção para o momento do diagnóstico. O registro da doença em grande parte dos municípios tem ocorrido de forma tardia, ressaltou Finotti.
Pela série histórica de Mato Grosso analisada, (2009-2016), a taxa de grau de incapacidade física tipo dois avaliada no momento do diagnóstico foi classificada como regular, de acordo com os dados apresentados. Esse quadro demonstra que o diagnóstico da doença no Estado ainda é tardio. Outro aspecto importante a considerar dentre os casos novos, é que ocorrem situações nos quais o exame neurológico do paciente não é realizado no momento oportuno, ou seja, no momento do diagnóstico, o que impossibilita a prevenção de outros danos, como o desenvolvimento de úlceras em regiões hipo e/ou anestésicas decorrentes de agressões físicas que passam despercebidas pelo paciente e as limitações funcionais que poderiam ser evitadas com o adequado acompanhamento fisioterápico do portador de hanseníase.
Quanto ao percentual de cura, no período analisado (2009-2016), considerou-se como regular (=75 a 89,9%) em todos os anos da série histórica. A proporção de abandono foi menor do que 10%, percentual considerado adequado, e registrou-se uma queda de 5% no ano de 2016 (1,1%) em relação a 2015 (6,1%).
A Secretaria de Estado de Saúde informa que os dados de pesquisa sobre a doença, relativos ao ano de 2017 ainda não foram concluídos e serão apresentados em 2018.
Fonte Rose Velasco/ Assessoria