Com mais de 8 mil focos de incêndio em apenas um mês, o Pantanal vem sofrendo uma irreparável perda em seu bioma desde julho. Só esse ano, 18 mil focos foram registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o que representa um aumento de 200% em relação a 2019.
Durante uma audiência pública virtual promovida pela comissão temporária do Senado, Alberto Setzer, do Inpe, afirmou que a estrutura oferecida pelo governo é insuficiente contra os incêndios que atingem o Pantanal.
“Mesmo combinando as Forças Armadas com os brigadistas e voluntários, temos cerca de mil pessoas. Esse número obviamente está subdimensionado. Precisaríamos de 10 vezes mais. Muito possivelmente, 100 vezes mais pessoas lutando para conseguir enfrentar uma situação descontrolada como essa, que já perdura por meses”, completou Setzer.
Cerca de 14 aeronaves atuam no enfrentamento ao fogo. Além disso, 500 brigadistas, com apoio de 500 militares do Exército, da Marinha e da Força Aérea também integram a equipe de trabalho. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) já iniciou a aplicação de uma espécie de retardante de fogo nas regiões com focos de incêndio, apesar de não levar em conta os impactos ambientais dessa aplicação, afinal, o próprio Ibama desclassificou a segurança do produto após análise. As ações de prevenção e combate aos incêndios florestais contam com baixos recursos e o alto preço quem paga é a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal.
O Governo Federal enviou R$ 10 milhões em setembro deste ano para o combate ao fogo. Já o estado aplicou R$ 22 milhões no que denominou “frente ao desmatamento ilegal”. Apesar disso, falta água para os animais e para combater as chamas.
Para o Presidente da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema), Mauren Lazzaretti existem sérias dificuldades para a compra de insumos no combate aos focos de incêndio, especialmente em razão do Pantanal ser o bioma mais preservado do país, o que dificulta o acesso à áreas remotas.