O fertilizante da soja está até 30% mais caro por causa do atraso na entrega provocado pelo tabelamento do frete.
A tendência é que produtores rurais utilizem menos produtos para cultivar os campos, o que deve gerar consequências graves como a queda na produtividade.
O escoamento de grãos até os portos nesta safra 2017/2018 não foi comprometido, mas se perdurar o tabelamento do frete, a produtividade e a comercialização da safra 2018/2019 ficarão comprometidas, conforme alerta o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Antônio Galvan.
Galvan alerta que um cenário caótico se avizinha na próxima safra. Com menos produtividade, reduzindo a quantidade de alimentos a ser colhida, a indústria sentirá impacto, e a consequência de eventual escassez tende a desequilibrar a lei da oferta e procura com aumento do preço para o consumidor.
Neste primeiro momento, explica Galvan, a conta em relação ao tabelamento pesou para os produtores rurais. No entanto, em um curto espaço de tempo, os consumidores vão pagar mais caro pelos alimentos e serão os grandes prejudicados.
Entre os efeitos imediatos sentidos pelos produtores rurais mato-grossenses estão a lentidão na entrega dos fertilizantes. Os produtos já são caros e geralmente comprados com muita antecedência para garantir que o plantio de soja a partir de 15 de setembro seja realizado com eficiência.
O diretor executivo do Conselho Estadual das Associações das Revendas de Produtos Agropecuários do Estado de Mato Grosso (Cearpa), Frederico Azevedo, explica que os produtores que não compraram insumos com antecedência vão sofrer atraso neste período e vão pagar entre 10% e 30% mais caro pelo produto em razão do frete.
Azevedo afirma que o setor de revenda de fertilizantes e defensivos agrícolas está sentindo maior impacto com as novas regras de tabelamento. A insegurança no mercado aumenta com a falta de cenários otimistas que deveriam se concentrar na resolução do problema.
Os revendedores de insumos, assim como os produtores rurais, estão apreensivos e querem uma decisão do governo federal. Com poucas fichas apostadas em uma regulamentação que não agrida a fluidez da circulação de produtos, a saída está sendo a via judicial, com a perspectiva de eventual declaração de inconstitucionalidade da matéria aprovada no Congresso e que aguarda sanção presidencial.
Venda futura
Outro impacto na instabilidade de custo está nas negociações nas vendas futuras. Os produtores rurais temem ofertar produtos, cuja produção não se sabe quanto custará e se será viável. Os compradores também não querem fechar negociações que possam ser frustradas, cujos preços estão incertos e o custo para o transporte possa não compensar.
Para se ter ideia do impacto que os insumos, fertilizantes e defensivos agrícolas pesam no campo, no atual ciclo produtivo para se produzir um hectare de soja, com a média de 58 sacas, o produtor rural precisou investir mais de R$ 3,6 mil. Cerca de 45% desse valor, ou R$ 1,6 mil é por conta dos insumos, conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Entre as medidas que estão surgindo entre alguns produtores rurais é a compra de carretas para transportar as commodities que produz. Segundo Galvan em alguns casos acaba sendo rentável, mas não é garantia para o problema em longo prazo.
O tabelamento do frete no transporte rodoviário pelos caminhoneiros tem provocado prejuízos na cadeia produtiva de alimentos. O problema que está sendo sentido em todo o país é mais intenso em Mato Grosso, onde estão os maiores índices de produção de vários alimentos como soja, milho, carne bovina entre outros segmentos.
Fonte Vinicius Bruno
