A executiva do diretório regional do Democratas (DEM) decidiu nesta sexta-feira (3) que será contrária a candidatura do deputado estadual preso Mauro Savi, que se filiou ao partido em março deste ano, e que pretendia disputar a reeleição numa das 24 vagas da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT).
De acordo com informações da própria sigla, o posicionamento será homologado na convenção partidária que deve ocorrer no próximo sábado (4). O registro de candidatura do político deverá ser oficialmente negado no ato.
Na última quinta-feira (2), em entrevista a uma rádio de Cuiabá, o secretário-geral do Diretório Regional do DEM em Mato Grosso, o ex-deputado federal Júlio Campos, já havia adiantada que o partido arcaria com um “ônus” caso apoiasse a candidatura de um político preso. Ele advertiu que a medida seria “desgastante” para o grupo.
“Está na pauta da convenção, essa pretensão do atual deputado Mauro Savi em ter a oportunidade de reeleger-se, mesmo respondendo ao inquérito. Mas é pesaroso e até certo ponto desgastante para o partido assumir esse ônus, de assumir uma candidatura de uma pessoa que está respondendo a um inquérito por corrupção e preso no CCC”, disse Júlio Campos.
Numa das ações que pedem a soltura de Mauro Savi – preso desde o dia 9 de maio de 2018 após deflagração da operação “Bônus” (2ª fase da Bereré) – a defesa do parlamentar utilizou como um dos argumentos que Savi deveria deixar a prisão para disputar em igualdade de condições com os demais candidatos.
O posicionamento do DEM em negar a candidatura pode representar uma “pá de cal” nas pretensões políticas do deputado estadual, uma vez que ele já não pode mais trocar de partido para tentar sair por um outro grupo. Antes de ingressar na sigla, Mauro Savi era filiado ao PSB.
BERERÉ/BÔNUS
O Ministério Público do Estado (MPE-MT) aponta que o deputado estadual preso Mauro Savi (DEM) era o líder de um esquema que envolveu empresários e políticos notórios no Estado. O inquérito policial narra desvios promovidos por uma empresa (EIG Mercados) que prestava serviços ao Detran no registro de financiamento de veículos em alienação fiduciária, além de uma outra organização (Santos Treinamento) que lavava o dinheiro desviado.
O inquérito aponta que a EIG Mercados – que no início dos desvios, em 2009, chamava-se FDL Serviços -, repassava em torno de R$ 500 mil por mês de verbas obtidas pelo serviço que presta ao Detran por meio da Santos Treinamento. A empresa era uma espécie de “sócia oculta” nos trabalhos realizados ao departamento estadual.
Em torno de R$ 30 milhões teriam sido distribuídos em propinas entre 2009 e 2017. O dinheiro chegava a políticos notórios do Estado – como o ex-governador Silval Barbosa, o deputado estadual Mauro Savi, além do ex-deputado federal Pedro Henry -, por meio de depósitos bancários e pagamentos em cheques promovidos pelos sócios da Santos Treinamento, como Claudemir Pereira, também conhecido como “Grilo”.
Além de Mauro Savi também foram presos no dia 9 de maio de 2018 os ex-sócios da Santos Treinamento, Claudemir Pereira dos Santos e Roque Anildo Reinheimer, o ex-CEO da EIG Mercados, Valter José Kobori, o ex-Chefe da Casa Civil, Paulo Cezar Zamar Taques, e seu irmão e advogado, Pedro Jorge Zamar Taques. De todos eles apenas José Kobori conseguiu revogar seu pedido de prisão preventiva e encontra-se em liberdade.
Fonte Folhamax
