Já dura mais de 18 horas a sessão da Câmara de Juara que julga o relatório da Comissão Processante que julga denúncias contra a prefeita Luciane Bezerra (PSB).
A expectativa, segundo uma vereadora do município, é de que a leitura do relatório acabe apenas no próximo domingo. A sessão começou nesta quinta, às 14 horas.
A sessão duradoura ocorre porque, no início da sessão, a defesa da prefeita solicitou que fossem lidas todas as páginas do relatório. Ao todo, a comissão apresentou mais de 7 mil páginas, divididos em 19 volumes.
Inicialmente, a expectativa é de que fossem lidas cerca de 70 páginas. “A Câmara concordou com o pedido para evitar questionamentos de cerceamento de defesa”, explicou a vereadora.
Segundo a parlamentar, no início da manhã, o relator estava lendo o 7º volume do relatório. “A não ser que todos concordem em ler partes resumidas, não acaba antes da noite de sábado ou manhã de domingo”.
A demora na votação “desmobilizou” a população, que aguarda a conclusão da votação. No início da sessão, a galeria da Câmara tinha um bom número de presentes. Durante a noite e madrugada, ficou praticamente vazia. “Pode ser que agora de manhã, volte algumas pessoas”.
A leitura da íntegra do relatoria é vista como uma estratégia da defesa da prefeita em “ganhar tempo”. A sinalização é de que os parlamentares votem pela sua cassação.
Luciane é investigada por uma Comissão Processante por, supostamente, ter fraudado uma contratação para gastos com publicidade no município. O caso foi investigado pelo Ministério Público que ofereceu denúncia contra a gestora e recomendou que a Câmara fizesse a investigação.
O relatório da comissão foi protocolado pelos vereadores membros da comissão – Marta Dalpiaz (PSB), presidente, Valdir Leandro Cavichioli (PR), relator, e Hélio Castão (PPS) – na última terça-feira. Diante disso, a Câmara agendou uma sessão extraordinária para esta quinta-feira, às 14 horas.
Após a leitura do relatório, será dado espaço para a defesa da prefeita se manifestar de forma oral. O regimento permite que a investigada faça uso da fala, mas a expectativa é de que apenas os advogados usem esse artifício.
Ao final, será votado o relatório. Se 2/3 dos parlamentares, ou seja, 6 votos, forem favoráveis ao relatório da Comissão Processante, a prefeita terá o mandato cassado, ou se optarem pelo arquivamento, a gestora continua no cargo.
POLÊMICAS
Eleita prefeita de Juara em 2016, Luciane Bezerra tem uma gestão marcada por polêmicas. Ela é investigada por diversas irregularidades cometidas a frente da prefeitura.
Em fevereiro deste ano, ela foi afastada pela Justiça por conta da suspeita de fraude em licitação para reforma de uma escola municipal no Distrito de Paranorte. O pedido foi feito pelo Ministério Público Estadual (MPE) e acatado pelo juiz Alexandre Sócrates Mendes, da 2ª Vara da Comarca de Juara.
Na mesma decisão, o magistrado determinou o bloqueio de R$ 129,7 mil em bens da prefeita, do secretário municipal de Educação, Isac Pintor, e do ex-vereador por dois mandatos, Lourival de Souza Rocha, o “Lorão Macarena” (PMDB). Outras nove pessoas, além de uma construtora, também respondem à ação.
Porém, na última semana, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Rui Ramos Ribeiro, reconduziu a prefeita ao cargo.
Outro escândalo vivido por ela está relacionado a delação premiada do ex-governador Silval Barbosa. Ela aparece num vídeo recebendo maços de dinheiro de Sílvio Correa, ex-chefe de gabinete de Silval. O dinheiro seria referente a propina paga pelo ex-governador a deputados estaduais para não criarem obstáculos nas obras do MT Integrado.
Luciane nega que os recursos sejam de propina. Segundo ela, o ex-governador tinha uma dívida com seu marido, o deputado estadual Oscar Bezerra (PV). O parlamentar também foi citado pelo ex-governador em sua delação, por, supostamente, ter cobrado propina para não envolver Silval na CPI das Obras da Copa realizada pela Assembleia.
Fonte Folhamax
