Uma empresa do ex-secretário-adjunto do Tesouro Estadual, Vivaldo Lopes, pode ter sido beneficiada pelo ex-governador Silval Barbosa (sem partido) em contratos de implantação de lacres veiculares eletrônicos. A organização, denominada Brisa Consultoria, teria “doado” R$ 50 mil ao “Caixa 2” da campanha de Silval.
As informações são de uma petição do delator de um esquema de desvios e lavagem de dinheiro no Detran de Mato Grosso, investigados na operação “Bereré”, Teodoro Moreira Lopes, o “Doia”. O documento é de outubro de 2015.
A petição é parte dos autos da investigação da operação Bereré, deflagrada no último dia 19 de fevereiro pela Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e contra a Administração Pública (Defaz-MT) e o Ministério Público Estadual (MP-MT). De acordo com informações do inquérito, Silval Barbosa e Vivaldo Lopes teriam se aproveitado de uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), de 2009, que determinava a implantação de lacres eletrônicos em veículos. “Por meio da Portaria N°. 038/2009/GP/Detran-MT, o Detran-MT em atendimento a resolução n°. 45/98 – Contran, determinou a implantação do novo lacre eletrônico”, diz a petição.
O documento segue narrando que Teodoro Moreira Lopes, presidente do Detran na época, foi procuradado por Vivaldo Lopes, e destaca sua ligação com o ex-governador Silval Barbosa. “O Peticionante, foi procurado por Vivaldo Lopes, proprietário da empresa Brisa Consultoria supostamente ligado ao então governador Silval Barbosa, para apresentar a empresa Sistema Elo”, relata o documento.
Em seguida, a petição afirma que a Brisa Consultoria doou R$ 50 mil à campanha de Silval Barbosa. Os recursos seriam de “Caixa 2” – dinheiro não declarado à Justiça Eleitoral, o que pode indicar “lavagem de recursos”. “Peticionante informa que a empresa Brisa Consultoria, efetuou doações para caixa dois de campanha do ex-governador Silval Barbosa no valor de R$50.000,00”, disse Doia.
A Brisa Consultoria já esteve envolvida em outra investigação. Segundo informações da operação “Ararath”, da Polícia Federal, ela teria sido utilizada para lavagem de R$ 520 mil de forma ilícita do ex-secretário de Estado de Fazenda, Eder de Moraes. O fato fez com que Vivaldo Lopes pedisse demissão do cargo de secretário-Adjunto do Tesouro Estadual, em maio de 2014, ainda na gestão Silval Barbosa.
BERERÉ
Deflagrada na manhã desta segunda-feira (19), a operação Bereré, do Ministério Público Estadual e da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e contra a Administração Pública (Defaz-MT), desbaratou uma quadrilha que lavava dinheiro e desviava recursos públicos por meio de empresas que prestam serviços ao Detran-MT. O bando agia desde 2009 e teria desviado em torno de R$ 1 milhão por mês.
Os principais alvos da operação são os deputados estaduais Eduardo Botelho e Mauro Savi, ambos do PSB, além do ex-deputado federal Pedro Henry. As investigações tem como base os depoimentos de colaboração premiada do ex-presidente do Detran-MT, Teodoro Lopes, o “Doia”.
Fonte Diego Frederici
